Poderoso, pesado e energizante são alguns dos adjetivos que podem descrever o som de uma guitarra distorcida. Com tantos tipos diferentes de distorção por aí, você já se perguntou como um elemento tão importante da música popular no último século surgiu? Neste artigo vamos passar por pontos importantes de sua história: o surgimento, o desenvolvimento e como está na atualidade.
Bob Wills and the Texas Playboys - Barnard Blues (1947)/ O Começo da Distorção
A guitarra, concebida para que os violonistas pudessem se destacar em situações com mais músicos, demandava amplificação. Os primeiros amplificadores não eram tão volumosos pelos padrões de hoje em dia e assim que você começava a aumentar o volume as válvulas ficavam quentes e o sinal começava a saturar, criando uma “sujeira” no som.
Bob Wills and the Texas Playboys era uma banda de western swing (uma fusão da música country e de jazz) que em 1947 introduziu o guitarrista Junior Barnard para o conjunto. Barnard foi um dos primeiros guitarristas que deixava esse som mais sujo de propósito, como pode ser ouvido em Barnard Bluess
Rolling Stones - Satisfaction (1965)/ A Evolução da Distorção e o Surgimento de Pedais
Com o passar do tempo, o som sujo produzido naturalmente pelos amplificadores era cada vez mais adotado e tinha virado algo relativamente comum.
No final de 1960, o músico Marty Robbins estava gravando sua música “Don’t Worry” e o guitarrista Grady Martin tocava um baixo pela mesa do estúdio, mas o pré-amplificador estava defeituoso e criou um som distorcido e muito diferente. No final optaram por deixar a faixa como estava.
Depois disso, o engenheiro de som do estúdio, Glenn Snoddy, fez a engenharia reversa do problema e o replicou em uma caixinha. Ele mostrou essa caixa para o chefe da Gibson, ele gostou do que ouviu e comprou a ideia. Assim nasceu o pedal Maestro FZ-1 Fuzz-Tone, que foi um dos primeiros pedais comercialmente disponíveis
Ele inicialmente foi vendido como algo que faria sua guitarra ou baixo soar como um instrumento de metal, como tuba, trompete, trombone e etc
Porém, o Fuzz-Tone foi um desastre de vendas e continuou assim por muito tempo. Keith Richards, o guitarrista da banda Rolling Stones gravou um riff de uma música e sentiu que esse riff deveria ser tocado por um instrumento de metal, então ele usou um Fuzz-Tone que estava pelo estúdio, esperando que eventualmente iria ser substituído por instrumentos de metais de verdade. Mas o produtor Andrew Loog Oldham, o engenheiro de som David Hassinger e o resto da banda gostaram do jeito que estava. E então isso virou o próximo single deles, Satisfaction, alcançou muito sucesso comercial.
Fazendo com que o Maestro FZ-1 Fuzz-Tone se popularize imensamente, em poucos meses as unidades que estavam pegando pó em depósitos estavam todas vendidas. Então lançaram uma versão atualizada dele, o Maestro FZ-1a Fuzz-Tone, que fez um grande sucesso, difundindo ainda mais a distorção.
Meshuggah - Bleed 2008/ A distorção digital.
A distorção e os pedais continuaram a evoluir. Com o surgimento dos amplificadores transistorizados, estava cada vez mais fácil e mais barato distorcer seu som. E com o surgimento do Heavy Metal nos anos 70, mais distorção era necessária para acompanhar a agressividade das músicas.
No final dos anos 80 e começo dos anos 90, com a evolução da tecnologia DSP(Digital Signal Processor), microprocessadores especializados conseguem processar sinais de áudio e vídeo em tempo real. Assim surge algo chamado de Simulador de Amplificador, um aparelho digital que simula amplificadores. Análises minuciosas do circuito e da resposta do amplificador são feitas, que então é programado dentro do microprocessador que consegue reproduzir. Isso é eficaz pois você pode ter o som de 15 amplificadores em apenas um aparelho com a metade do tamanho e metade do preço. Porém eles não soavam tão bem quanto os originais e por muito tempo eram renegados apenas para a prática do instrumento, e talvez música ao vivo, jamais para as gravações.
Meshuggah é uma banda de Metal Sueca e foram os pioneiros do gênero Djent. Seu guitarrista Fredrik Thordendal foi um dos primeiros a adotar simuladores para gravações, usando o Line 6 POD desde o álbum “Nothing” de 2002. Mas foi com o lançamento de “Obzen”, gravado com um Line 6 Vetter II, que incluia a faixa “Bleed”, um grande sucesso na comunidade do Metal, que mostrou que é possível tirar ótimos timbres dos simuladores.
A distorção foi um aspecto crucial para a guitarra e para a música popular. Desde suas origens com algo que era considerado até como um defeito durante seu desenvolvimento e expansão e até hoje em dia onde queremos reproduzir esse “defeito” digitalmente. Você pode encontrar e testar diversos tipos de pedais de distorção e outros efeitos no catálogo da BATS
